A ECONOMIA NADA É SEM UM PROJETO DE VIDA. Aqui, por meio do debate de ideias, procura-se discutir a Economia (ciência) sob uma visão social, ecológica e humana, fazendo-se jus à classificação imputada a essa disciplina de ciências humanas. Buscamos, outrossim, o entendimento do real sentido da economia. Se você se identifica com essa forma de pensar e de "fazer" ECONOMIA, participe conosco dessa reflexão. Sou MARCUS EDUARDO DE OLIVEIRA, economista e ativista ambiental.
7/13/2010
UM DESENVOLVIMENTO DE TODOS E PARA TODOS
UM DESENVOLVIMENTO DE TODOS E PARA TODOS
Marcus Eduardo de Oliveira (*)
O modelo de economia de características social e humana que todos os que sonham construir uma sociedade mais justa e menos desigual defendem, certamente envolve uma profunda transformação social. E essa transformação tem ponto de partida e de chegada: são as pessoas, por meio de forte mobilização e ativo poder de articulação (ponto de partida) entre si, que devem realizar a transformação para uma economia solidária (ponto de chegada).
No entanto, é forçoso atentar para o fato que segue: elaborar, pois, modelos econômicos especificamente centrados na valorização das pessoas e dos grupos sociais, cuja temática de cooperação (solidariedade) embase as ações tanto dos próprios indivíduos quanto dos agentes executores de políticas públicas é tarefa árdua; porém, é construtivamente viável e exeqüível. É exeqüível e viável - é bom que se afirme isso - a partir do momento em que tomamos ciência que esse modelo aqui sugerido (obrigatoriamente de caráter social e humano) aponta para uma situação em que haja desenvolvimento de todos e para todos; portanto, sem exclusão de quem quer que seja. Um modelo de total inclusão.
Todavia, diante disso, talvez uma pergunta se apresenta como pertinente: Como fazer isso? Paul Singer, em “A economia solidária no Brasil: a autogestão como resposta ao desemprego” (2000) nos apresenta sete passos importantes para se alcançar esse modelo: 1. a autogestão para a solidariedade; 2. o fortalecimento das iniciativas econômicas cooperativadas e associativas; 3. o desenvolvimento de redes de apoio mútuo, de intercâmbios diversos; 4. a criação de formas alternativas de crédito e poupança; 5. o desenvolvimento de capacidades técnicas e científicas por meio de pesquisas e técnicas cada vez mais adequadas à satisfação das necessidades e aspirações humanas; 6. o desenvolvimento da capacidade de identificação dos potenciais e dos limites da natureza e o condicionamento do crescimento econômico a tais limites; 7. a criação de novos espaços sociais através da constituição de Conselhos, Assembléias e Fóruns permanentes.
Conquanto, a matriz de construção desse modelo descrito por Singer, faz ressaltar, para efeito de melhor explicação, as diferenças entre dois capitais que tem a finalidade suprema de dar suporte ao próprio modelo: o social e o humano.
É mister então, a essa altura, pontuarmos as diferenças entre ambos. Por capital social entendemos a participação de grupos sociais nas relações que envolvem a cooperação e a confiança entre as pessoas. Esse fato é facilmente verificado quando das grandes tragédias que ceifam muitas vidas. Imediatamente, diante de certas comoções que tomam conta de todos, a sociedade civil logo se mobiliza no sentido de “patrocinar” todo e qualquer tipo de ajuda aos grupos vitimados na tragédia. Na maioria das vezes a sociedade não mede esforços para essa ajuda ao próximo. Portanto, vemos nessas horas reforçarem-se os laços de sociabilidade e solidariedade entre as pessoas. Em relação ao capital humano, esse se relaciona com o fortalecimento das competências e habilidades (o saber fazer) das pessoas.
Desse modo, a junção do capital humano com o social faz reforçar a parceria (cooperação, partilha de esforços) entre as pessoas. Essa é à base de sustentação dessa economia social e humana que temos defendido. Em suma, tal prática leva a: organizar, integrar, participar e, no bojo, cooperar-partilhar. Essa é, pois, a conduta desejada para se obter o tão propagado desenvolvimento humano, social e sustentável. É humano porque prioriza as pessoas em primeiro lugar; é social, pois envolve a teia de relações estabelecidas nos grupos sociais e, por fim, é sustentável porque tende a perpetuar os ganhos estendidos a todos ao longo do tempo. Concluindo, temos que admitir que esse modelo prioriza e valoriza algo de extrema importância: a vida. E a economia tem tudo a ver com as relações que enaltecem a qualidade de vida das pessoas.
(*) Economista brasileiro, é especialista em Política Internacional.
Autor dos livros “Conversando sobre Economia”, “Pensando como um Economista” e “Provocações Econômicas” (no prelo). Os artigos desse autor em torno de questões econômicas têm sido amplamente publicados no Brasil e no exterior, com destaque em Portugal, Cabo Verde e Angola, além de Rússia.
Contato: prof.marcuseduardo@bol.com.br
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