11/29/2010

10/05/2010

PROF. MARCUS EDUARDO DE OLIVEIRA: Mário Sérgio Cortella

Prof. Mario Sergio Cortella responde:

PROF. MARCUS EDUARDO DE OLIVEIRA: Mário Sérgio Cortella: "Prof. Mário Sérgio Cortella responde: Pergunta: Alguns economistas defendem que, ao melhorar a Educação, melhora-se a economia e todos se..."

10/01/2010

El autoengaño y la economía

CREADESS - Cooperación en Red Euro Americana para el Desarrollo Sostenible publica nosso artigo escrito em parceria com o economista peruano Hugo Meza. Confiram:

El autoengaño y la economía

La vida es el valor central

LA VIDA ES EL VALOR CENTRAL. Nosso artigo foi publicado na Argentina.

La vida es el valor central | Comunidad Signia Aprendizaje Colectivo

9/08/2010

Em 2030...

PROF. MARCUS EDUARDO DE OLIVEIRA: Em 2030...: "PROF. MARCUS EDUARDO DE OLIVEIRA: Em 2030...: 'EM 2030... Marcus Eduardo de Oliveira (*) No decorrer do século XXI, o Brasil ainda apresen..."

9/03/2010

8/31/2010

POR QUE TODO MUNDO FALA SOBRE A IMPORTÂNCIA DA EDUCAÇÃO E POUCOS FAZEM ALGUMA COISA PARA MELHORÁ-LHA?

POR QUE TODO MUNDO FALA SOBRE A IMPORTÂNCIA DA EDUCAÇÃO E POUCOS FAZEM ALGUMA COISA PARA MELHORÁ-LA?

Hugo Eduardo Meza Pinto (*)
Marcus Eduardo de Oliveira (**)


Hipoteticamente, imagine a situação do Brasil depois de ter recebido duas bombas atômicas sob uma guerra qualquer. Imagine mais ainda: que todo o orgulho do país tenha sido arrasado, tal qual sua infraestrura econômica e social. Para piorar esse cenário de pura imaginação, mentalize que o Brasil não tenha nenhuma riqueza de recursos naturais (nada de Amazônia, nem de Mata Atlântica), nem a riqueza mineral que ora possui.
Dentro desse exercício imaginativo pense, agora, que o espaço geográfico desse país fosse composto por ilhas vulcânicas, suscetíveis a tremores de terra no último grau da escala Richter.
Imaginou? Seria um caos, não é verdade?
Se pensar que este é um dos piores cenários dos mundos, se surpreenderá ao saber que, no século passado, depois da Segunda Guerra Mundial (pós-1945), o Japão contava com todas essas características acima descritas, com exceção dos recursos naturais em larga escala.
No entanto, mesmo tendo todas essas restrições de ordens econômica e estrutural, este país oriental conseguiu superá-las com investimentos maciços numa política de desenvolvimento de longo prazo, focada na reconstrução da infraestrutura e, principalmente, na valorização da educação como elemento de transformação. A política educacional japonesa focou, especificamente, na criação de cursos técnicos sustentados por uma política de inovação aplicada na base. Copiar os melhores produtos, até superá-los em qualidade, foi a meta proposta e conseguida pelos nipônicos. Resultado disso? Na década de 1980, o então presidente dos Estados Unidos, Ronald Reagan (1911-2004), teve que pedir para o primeiro ministro japonês Takeshita Noboru (1924-2000), para que as empresas de seu país, especialmente do setor automobilístico, parassem de vender carros no mercado norte-americano, uma vez que essa ação poderia provocar a quebra da General Motors (GM).
Não muito distante desses acontecimentos, na década de 1960, a Coréia do Sul procurava por um modelo de desenvolvimento econômico capaz de fazer avançar as empresas sul-coreanas. Os indicadores socioeconômicos do país eram inferiores aos brasileiros, sem contar o exíguo mercado interno. Na mesma época, o Brasil experimentava os frutos do processo de Industrialização via Substituição de Importações (ISI), que consistia, basicamente, em proteger o mercado interno da concorrência internacional, garantindo assim espaço das empresas que se encontravam dentro do país (tanto nacionais quanto multinacionais). Tal prática provocaria um processo competitivo capaz de fazer com que as empresas locais substituissem os produtos importados, garantindo, na essência, uma industrialização consistente e promissora.
A Coréia, é importante ressaltar, copiou esse modelo com algumas variantes: 1) protegeu sua indústria ao mesmo tempo em que promoveu uma competição em ordem mundial; 2) como seu mercado interno era pequeno, optou por vender ao mundo seus produtos, o que a obrigou, por conseguinte, fazer com que suas indústrias medissem esforços com as líderes internacionais, principalmente em questões de inovação e competitividade; 3) realizou uma revolução ampla e sintomática em seu sistema educacional.
O que decorreu dessa última manifestação? Mudanças radicais aconteceram desde o ensino básico até o nível universitário. Substanciais investimentos no ensino fundamental fizeram com que a Coréia do Sul pensasse grande, uma vez que a classe dirigente acreditava que a educação necessitava de mudança estrutural. A partir daí implantou-se a cultura da meritocracia para incentivar o ensino, aumentando o número de horas de estudo. Hoje, decorrido uma década do novo século, as crianças sul-coreanas estudam o dobro de horas em relação às crianças brasileiras. A Coréia do Sul tocou em pontos específicos: melhorou o salário dos docentes, incrementou parcerias com o setor privado de forma a captar recursos para a educação e promoção de inovação tecnológica e, por fim, envolveu o núcleo familiar na corresponsabilidade (co-participação) no processo de ensino-aprendizagem. Aplicaram a prédica de que juntos (governo, famílias, empresas, alunos e professores) todos ficam mais fortes.
Os números embasam tal afirmativa: O orçamento na educação na Coréia do Sul passou de 2,5% do seu Produto Interno Bruto (PIB) em 1951, para 22%, em 1980 – em menos de trinta anos um salto de mais de 750%. O resultado foi previsível: a Coréia do Sul foi o único país que conseguiu se desenvolver economicamente de forma bem estruturada ao longo do último quarto do século XX.

Educação: a variável decisivaNos exemplos citados, a educação aparece como variável decisiva para o desenvolvimento de países (Japão e Coréia) e, atualmente, ela está sendo trabalhada de forma coesa por países que crescem a taxas consideráveis como Índia e China.
Essa “variável”, chamada educação, foi também o objeto de estudo do economista Theodore Schultz (1902–1998). No pós-guerra, Schultz quis saber por que a Alemanha e o Japão, sendo países vencidos e assolados materialmente pela crueza das bombas, se recuperaram tão rapidamente. A conclusão de Schultz foi que a velocidade de recuperação desses países se devia, explicitamente, a uma população saudável e altamente educada. Segundo ele, a boa combinação dessas duas variáveis – saúde e educação - que preferimos chamar de sentimento, aumentaria significativamente a produtividade e competitividade desses e de quaisquer outros países, que por esses caminhos transitassem.
Foi dessa maneira – que já era altamente conhecida por muitos - que Schultz introduziu um novo elemento primordial para o desenvolvimento econômico: o Capital Educacional, que depois acabaria sendo identificado como Capital Humano. Na essência, é o conhecer-saber-fazer (know-how / savoir-faire) que Schultz prioriza como alavanca do desenvolvimento.
O trabalho de Schultz, além de influente, principalmente na alocação de recursos dos países desenvolvidos (que diga a Coréia cuja lição foi bem aprendida e aplicada), foi também pauta das políticas de desenvolvimento recomendada por instituições como o Banco Mundial, o Fundo Monetário Internacional e a própria ONU, em seus diversos relatórios e estudos.
Todas essas situações são bem conhecidas e algumas de domínio público. Não é por desconhecimento que, em certos lugares, o incentivo à educação não se torna prioridade. Certamente os motivos do descaso são outros, de múltiplas facetas.
Conquanto, a história está repleta de bons exemplos. Exemplos de desenvolvimento guiado por adequadas políticas educacionais são, por demasia, ilustrativos. Exilado no Chile durante a década de 1840, Domingos Faustino Sarmiento (1811-1888) foi encarregado de aprimorar o sistema educacional chileno. De volta à sua Argentina, Sarmiento torna-se o nono presidente da República (1868-74). Nesse período, converte o sistema educacional argentino num modelo de excelência. Em pouco tempo duplica o número de escolas públicas e faz construir mais de 100 bibliotecas públicas com nível qualitativo inigualável. Até hoje os argentinos colhem os frutos deste sistema. Não à toa, cinco nuestros hermanos já ganharam prêmio Nobel, três voltados à ciência, incluindo fisiologia e medicina em 1947.
Quanto ao Brasil, os que aqui puseram os pés pela primeira vez para colonizar estas terras sempre desejaram que fôssemos um simples lugar, capaz de produzir e fornecer gêneros úteis ao comércio metropolitano. Até o fim da colônia, este foi o objetivo do império português. Decorre disso que a educação veio a ser tratada, em terras brasileiras, com mero descaso. O trabalho educativo patrocinado pelos membros da Companhia de Jesus foi descolado da realidade brasileira. As primeiras letras não foram ensinadas ao povo simples, mas sim aos filhos da elite (filhos dos senhores de engenho). Aos mais simples (índios e filhos dos colonos) o ensino ficava a cargo de convertê-los aos ditames da Igreja. Assim, a educação no Brasil nasceu com tinta elitizada e, elitizada continua até hoje – basta atentar para a distância qualitativa do ensino privado com mensalidades elevadas e nível educacional ainda alto e cotejá-los com o que se aprende no ensino público em que falta giz, cadeira e, não raro, os professores são ameaçados de morte nas periferias.

A primeira universidade no Brasil e os cinco séculos de descasoDe igual monta, a primeira universidade no Brasil não nasceu com um projeto de levar educação libertadora e inclusiva, mas apenas para bajular a elite européia outorgando ao rei da Bélgica o título de “Doutor Honoris Causa”, em 1920, por conta de sua visita ao país. Esta é a história seminal da atual Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), conhecida inicialmente como Universidade do Brasil (UB). O que resultou isso? A continuidade do descalabro do poder público, iniciado com os portugueses, para com o ensino no Brasil. Hoje, com os anos que estão correndo no século XXI, colhemos os frutos amargos dessas más-gestões públicas iniciadas no século XVI. São cinco séculos de descaso. Atualmente, o sistema educacional brasileiro é altamente incapaz de promover uma ruptura com o status quo e promover, pelas vias do conhecimento, uma política de valorização do indivíduo.
No Brasil, vindo do mundo da política, sendo esse um político com visão administrativa apurada, resta a bandeira desfraldada por Cristovam Buarque. A “Revolução na Educação” propugnada pelo atual senador, infelizmente, ainda não chegou aos ouvidos moucos do poder executivo central. Revolucionários como poucos, na acepção do termo utópico, Cristovam Buarque é daqueles que catapultam os sentimentos por um mundo melhor conduzido pelo giz e lousa. Com isto, embala um mundo de idéias pautadas na educação de qualidade. Igual a ele tivemos Paulo Freire (1921-1997), Anísio Teixeira (1900-1971), Lourenço Filho (1897-1970) e Fernando de Azevedo (1894-1974). E, no entanto, resta indagar: quantos de nós sabemos quem foram e o que fizeram eles?
Um dia ainda haveremos de nos arrepender amargamente pelo descaso com que tratamos a educação. Nunca construímos uma nação coesa. E a porta de acesso a essa construção é conhecida: educação de qualidade, não educação de quantidade, por conveniência.
Talvez seja por isso que Celso Furtado (1920-2004), nosso mais brilhante economista, disse acertadamente que “nunca nos desenvolvemos, apenas nos modernizamos”, pois, segundo entendemos, desenvolvimento, pelas lentes da ciência econômica, implica afirmar uma situação em que haja melhoria de vida para aqueles que compõem os estratos mais simples da sociedade. Isso nos leva a dizer que este é um dos poucos países em que a classe rica parece ter ojeriza ao fato de que os pobres e os cidadãos mais simples possam ter estudo. Parece-nos que “eles” não querem ver todos numa condição intelectual melhor. Não por acaso, temos classes sociais diametralmente antagônicas - de um lado o “luxo”, do outro, o “lixo”. Talvez seja essa a razão de ainda termos (enquanto nação) mania dos tempos da sociedade escravagista, pois muitos são os que ainda consideram o trabalho manual coisa de gente pequena e sem mérito. Um país que se pretenda ser classificado como sério precisa fazer seus políticos voltarem aos bancos escolares, para fazer a primeira das mais básicas lições do alfabeto do desenvolvimento: erradicar o analfabetismo, qualificar o indivíduo e dar-lhes oportunidade de prosperar na vida. E isso não se faz com meros 4,3 anos de estudo que, em média, cada brasileiro passa sentado num banco escolar.
Por fim, cumpre apontar que aqui buscamos apenas o entendimento da história. Fica por sua conta, ilustre leitor (a) “descobrir” quem são os culpados pelo descaso para com a educação e, mais que isso, entender por que todo mundo fala da importância da educação, principalmente em época de eleição, mas poucos são os que fazem alguma coisa para melhorá-la, afinal, como diria o francês Bachelard “a verdade é filha da discussão”. Provoquemos então mais essa discussão. O momento é propício.

(*) Economista, Doutor pela (USP). É Diretor Geral das Faculdades Integradas Santa Cruz de Curitiba.
Meza@santacruz.br

(**) Economista, mestre pela (USP). É professor de Economia da FAC-FITO / UNIFIEO (S. Paulo).
prof.marcuseduardo@bol.com.br
http://twitter.com/marcuseduoliv

8/29/2010

8/26/2010

RECADO AOS JOVENS FUTUROS ECONOMISTAS

PROF. MARCUS EDUARDO DE OLIVEIRA: RECADO AOS JOVENS FUTUROS ECONOMISTAS: "Artigo escrito em parceria com o economista peruano Hugo Meza. RECADO AOS JOVENS FUTUROS ECONOMISTAS E AOS QUE DESEJAM ESTUDAR ECONOM..."

8/20/2010

AN UNEQUAL WORLD

PROF. MARCUS EDUARDO DE OLIVEIRA: AN UNEQUAL WORLD: "Nosso artigo 'An Unequal World' foi reproduzido pelo jornal PRAVDA, em sua versão inglesa, e pela revista Ethiopian Review, dos Estados Unid..."

8/18/2010

PÁGINA UM: O AUTO ENGANO E A ECONOMIA

Artigo em parceria com o economista peruano Hugo Eduardo Meza Pinto - O autoengano e a economia
PÁGINA UM: O AUTO ENGANO E A ECONOMIA: "NOTÍCIAS LUSÓFONAS Alguns dos títulos de livros de autoajuda disponíveis nas prateleiras das livrarias brasileiras, dentre outros, são: “Q..."

8/06/2010

8/01/2010

PROF. MARCUS EDUARDO DE OLIVEIRA: PARA REFLEXÃO

PROF. MARCUS EDUARDO DE OLIVEIRA: PARA REFLEXÃO: "O Brasil ficou entre os 8 melhores do mundo no futebol e ficou triste. É 85º em educação e não há tristeza. Cristóvam Buarque"

7/27/2010

AINDA SOMOS MUITO DESIGUAIS

Ainda somos muito desiguais

Nosso artigo "Ainda somos muito desiguais" foi publicado pelo site "O Economista". Trata-se de uma reflexão sobre o último informa da ONU-PNUD que coloca o Brasil na nona posição entre os mais desiguais da América Latina.

7/26/2010

OS LIMITES DO CRESCIMENTO ECONÔMICO

Os Limites do Crescimento Econômico
Leia nosso artigo "OS LIMITES DO CRESCIMENTO ECONÔMICO" publicado pelo site "O Economista" vinculado à UNIVILLE, Universidade de Joinvile, SC.

INVERSÃO DE VALORES ECONÔMICOS

Inversão de Valores Econômicos
Leia nosso artigo "Inversão de Valores Econômicos" publicado pelo site "O Economista", vinculado à UNIVILLE, Universidade de Joinvile, SC.

7/25/2010

TALKING ABOUT ECONOMY












TALKING ABOUT ECONOMY
by Marcus Eduardo de Oliveira

Artigo originalmente publicado no jornal russo PRAVDA, na versão inglesa. Trata-se de um dos capítulos do livro "Pensando como um economista".



Talking About Economy
by Marcus Eduardo de Oliveira


… the ideas of Economists and political philosophers, BOTH right when they are and when they are wrong, are more powerful than is commonly understood.”
John Maynard Keynes


Introduction
Nobody can ignore the economy for only two reasons: the first is that not enough resources for everyone, since desires are unlimited. The shortage, understood as market failure, is an incontestable truth. The second reason is that we are all part of the economy. The latest issues involving the economy also involve us in every moment. Thus, regardless of the evolutionary stage of each company, we always affect situations involving the generation of employment, income, combating poverty, hunger, resource transfers, taxation, purchase and sale of goods. When you buy a movie ticket, while filling the car, when traveling on vacation, to enroll a child at school, as we embark on a driving public by paying taxes, to seek the services of a dentist, doctor, detective or lawyer, we are participating in trade and finance; we are consuming, spending, and thus making money circulate. It is no coincidence that the popular belief predicts that it is money that moves the world. And precisely because it moves with the money turns on trade in goods and services. Thus, the savings are “controlled” by its monetary base (the amount of money in circulation).
It is the base currency of a country that determines how fast (time is money, says the adage often delivered in English-speaking countries) with which an economy can grow. Why when dry “tap” financial companies, individuals and government economic activity slows. To prevent from occurring a deceleration of economic activity, the central bank (guardian of the money of a country) need to control the monetary base in a balanced manner. Any imbalance, either upward or down, has serious consequences for all.
If the central bank allows the expansion of the monetary base (excess money in circulation), surely this will lead to an inflationary process. Otherwise, if the monetary base is restricted (“downsizing” of money in circulation), the recession ahead, then causing the appearance of the unwanted situation of chronic unemployment.
However, for a control of trade in goods and services, so that production can take place so as to meet the domestic market, it is recommended that it be optimized by allocating to it, effectively, the resources available . That is the major duty that task falls to the organizers of the modern economy. It is for these organizers, they are responding to the dictates of market forces or the principles of a planned economy to achieve in the first instance what James Edward Meade (1907-95), winner of the Nobel Prize in 1977, stands as the three main objectives of the economy: 1) FREEDOM – to ensure the free choice by each citizen, 2) EQUALITY – avoid the brutal difference between wealth and poverty, and 3) EFFICIENCY – practice the best use of available resources ensure a better standard of living.
If it is true to say that current looking to the past we found some answers to these questions, the economics, since the service is really useful for understanding the economic and social environment that surrounds it, arises in such detail as the host of other social sciences for the complete understanding of what currently occurs in most societies, as that science can never be denied, since at any moment, without even noticing, we are part of the “economy” , sometimes buying, selling, exchanging or distributing. In this sense, the economy falls precisely what the character of Sherlock Holmes said, everything is a matter of “observation and deduction.”
Figure consumer or producer, employer or employee, provider or beneficiary, we all entered this social science that is also defined as “the science of choices.” Far from the coldness of graphs, equations, mathematical models and statistics, and various taxes, the economy is, above all, the study of human behavior, interacting in the same market space that is called, in turn, full of facts and events. As professor Robert Solow (1924), a singular figure of economics, “the facts demand explanations, and explanations seek new facts.” So try to understand this “behavior” that is in our daily lives is the task for modern economists.
However, in the words of Tim Harford, author of The Economist Clandestino, “the fact that the economy is a tool for an objective analysis does not mean that economists are always goals. Economists study the power, poverty, growth and development. It is difficult to generate models that describe these things without being touched by the actual context where they are”.
This text aims to do just about getting a quick “tour” through economic history, not bowing to the timeline, much less arresting to examine in detail the “human behavior.” Of course, we are not here to pretend to cover all the important facts and figures in economic history. This task, difficult to achieve, should be left to economic historians of the more devout.

They did (and still do) the economics sciences
To try to understand the current economic phenomena, we must first “dip” in space and time and those who have contributed (both in theory and in practice) for the history of economic thought. From the most simple to the most illustrious thinkers, the economic sciences, legitimate daughter of Theology, Law and Philosophy is the science that was “developed” by a French court physician of Louis XV, by a professor of anatomy at Oxford, by Greek philosopher who coined the term economics, as taught by the Scots of Moral Philosophy, by the British who made his fortune operating in the London Stock Exchange, the English professor who has advised the U.S. government, the Austrian who came to the office of minister Finance in your country, the Protestant pastor concerned about the overcrowding, by one who was considered the head of the so-called “neoclassical school of Cambridge”, by American professor who believed “there is no free lunch”, the lawyer and the German philosopher full of revolutionary ideas that advised the union of the proletarians of the world as a solution to building a better world.
According to “Genealogy of the Economy,” described by Professor Paul Samuelson (1915), the economy is in “the genius of Adam Smith’s classical school which led to David Ricardo, the ‘father of all’, which generated two streams opposite: one Orthodox, personified in John Stuart Mill and the neoclassical Leon Walras, William Stanley Jevons and Alfred Marshall, who begat John Maynard Keynes, who came, in turn, the ‘neo’ and ‘post-Keynesian’ of our day, the other, heterodox, represented by Karl Marx and his descendants ‘scientific socialists’ tinted today. ” (See Ottolmy Strauch at the Introduction, the book on Marshall, California, Nova Cultural, Brazil, 1996).
The fact is that the economy was itself or in the center or behind the scenes of the main events of mankind. So was present in the writings of the founding fathers of Western economic thought: Plato (428/427-347 BC) and Aristotle (384-322 BC). According to Plato, every human being is born with a particular vocation to pursue a trade. Aristotle viewed it as a natural order, coming to defend slavery as a “natural factor” that should not be changed. The economy was present in the emergence, formation and development of markets occurred in European cities in the late Middle Ages, the system of price formation, problems of social philosophy, in Individualism (the doctrine that the center of human life is the action of the individual) in excess of population; interventionist liberalism. Was still in the thinking of revolutionary utopian, in the Marxist view of development and collapse of capitalism, the Luddite movement that began in 1811 in the English countryside and steel, coal and manufacturing which were the basis of the Industrial Revolution. Economics met representatives and represented in Mercantilism (Petty) in Physiocracy (Quesnay), the classical school (Smith, Malthus, Mill, Ricardo), the critique of capitalism (Marx, Weblen and Hobson), the marginality (Pareto, Jevons and Walras), the neoclassicism (Marshall) in Keynesianism (Keynes and Kalecki) in historicism (Weber) and contemporary economic thought (Schumpeter, Samuelson, Myrdal, Sraffa, Robinson and Galbraith).
When the neoclassical presented themselves to the world, the economics there was represented in the concept of marginal utility and the pursuit of individual welfare. When the economic crisis decided to “shake” the foundations of global capitalism, the economy was present in the New Deal, and John M. Keynes, he returned to “shake” the world, only now in a “scientific revolution”, the theoretical founding of the current macroeconomics. Economics with the theory was that inaugurated the policy planning in the Soviet Union, as well as attended the first five-year plan that country. The economy was on costs and consequences of World War II and the Cold War, and was present with Joseph Alois Schumpeter (1883-1950) “survival” of capitalism at the hands of “revolutionary economy”: the entrepreneurs. Economic activity was, is and always will be in large firms, the major unions in big government, as well as being, above all, society at large, eager to experience better days, especially when it comes to consuming more goods and services, rather than lower costs for much of the population has access to the blessings that economic activity can provide. The economy is in the marginal costs and benefits are what really matters for the efficiency of an economy.

The economy is in everything and everything seems to revolve around the economy
As the economy is in everything and almost everything seems to revolve around the economy, Professor Roger E. Backhouse, renowned economic historian, says that even in the texts of the Old Testament or the poetry of Homer are excerpts economical. Let us not forget, in this detail, which the company described in the Iliad and Odyssey, works attributed to Homer (though there are doubts about its existence), reflects the world Mycenaean (Bronze Age) and were organized societies outside of industry standards based on plunder, theft and taxes paid by companies defeated as ways of distributing wealth. So were the societies in which economic activity marked its presence.
Hesiod who lived in the late eighth century BC is another poet of the ancient world that also seems to keep a close relationship with the economy. One of the poems attributed to the author – Works and days – has a strong economic content. According to Backhouse, Hesiod can be read as someone he saw as the basic economic problem of scarcity of resources. The reason for men to work is that “the gods keep food hidden from men, otherwise it would work easily in a day is enough to provide for the rest of the year without working.” Hesiod, in addition to being the first poet individualistic, was also the first to complain publicly of the humble from oppression, injustice to the growing supremacy of the rich.

The economy in the Ancient World
Economic activity is strongly “recorded” in the 12th century BC when the Jews who lived in the deserts of Northern Arabia, organized into families and tribes, to conquer new territories (Canaan) and they have settled. Likewise, in demanding social justice, the first news that we have prophets Elijah, Elisha, then Amos, Isaiah and Jeremiah were practicing what we now call the social economy.
Economic activity is also recorded by history in the period from the seventh to fourth century BC, especially with Anaximander of Miletus (610-547 BC) who drew the first map of the known world, certainly in view the interests of someone who envisioned reach new spaces. Already the Greek historian Xenophon (ca. 430-355 BC), comes the concept oikonomikis – referring to the administration of assets. The practice was rooted in economic trade and naval power (the forces of Athens) and agriculture and the military (forces of Sparta) and was present in the greatest period of prosperity that marked the time of Pericles, 461-430 BC. Also was on piracy that was eliminated from the eastern Mediterranean, is blossoming, as appropriate, trade, agriculture and manufacturing trade. There was intense economic activity in major construction projects of the Athenian golden age, like the Parthenon and the teachings of the sophists – the first intellectuals to charge for their teachings, among them the largest – Protagoras (500 or 480 BC – Approx . 410 BC).
Economy became rooted in the Constitution which bound the Roman political power to land ownership and military service. During this period, wars and conquests were the main sources of wealth, and the soldiers were often rewarded with land grants. You can still find “economic thinking” in the theological writings in different ways, so long before the rise of economic science fact. In detail, the scholastic thought “united” economic ideas on moral teachings in the Bible. Saint Augustine (354-430), for example, among the most learned doctors of the Catholic Church, envisioned a perfect society from progress and understand that “the rich what is superfluous is necessary for the poor.” St. Thomas Aquinas (1225-1274), in Summa Theologica, a work written five hundred years before The Wealth of Nations, Smith, already alerted to the practice of pricing in a fair way away from usury and easy gains. St. Malachy (1094-1148), in turn, crying out against oppression and social injustice, asked: “Are not we all children of one Father? We were not all created by the same God? Why, then, we live in despising each other? “. In the encyclical letter, Rerum Novarum, Pope Leo XIII (1810-1903), 1891, the economy is at present the social side, the intense defense on the conditions of workers in the aspect of wealth, highlighting the difference between ownership and usage. “The ownership is private, its use is universal,” writes Leo XIII.

The economy in the Modern World
In the Renaissance and the emergence of the modern world (fifteenth century) the economy, as it would be expected, there also was present. In the second half of this century, the Portuguese began to explore the African coast and arrive in India in 1498. The West Indies were reached six years earlier, in 1492 and a few years later, the continents of North America and South America were discovered. Later, economic activity was present in the Spanish conquests in America to Europe that provided huge amounts of gold and silver. Throughout the period of the late Middle Ages to the Enlightenment – the fifteenth to eighteenth century – that dominated the thinking was of strong economic – the Mercantilism, the term “invented” by Victor Riqueti (1715-1789), known as the Marquis de Mirabeau and popularized by Adam Smith.
However, it was only from 1756, just two decades before the launch of The Wealth of Nations, which constituted the first organized group of economists – Les economists (the Physiocrats) that took the figure of François Quesnay (1694-1774) its main proponent.
Although the French court physician, specifically of Madame de Pompadour – mistress of Louis XV – Quesnay with the publication of his Tableau économique (1758) turned to the economy by analyzing the movement of money – certainly making analogy with the circulation of blood inside the body discovered by Harvey in 1628. Another prominent name of this group is Sir William Petty (1623-1687), professor of anatomy at Oxford in 1650. Thus was born the first economists, although not yet exercised this function in a professional manner.

The birth of Economics
After a slow development, the economy was strongly influenced by scientific theories such as Newton and Darwin, by the thought of Aristotle and Plato, for philosophical movements (the Enlightenment, Positivism), by mathematical methods, by statistical techniques and has always been confronted by practical issues such as welfare, warfare, colonialism, development, communism, socialism and the transition to the capitalist world. In all these situations there is no room for doubt: human behavior was always present. Maybe that’s why Lionel Robbins (1898-1984) defined economics as “the science which studies human behavior as a relationship between ends and scarce means which have alternative uses” (An Essay on the Nature and Significance of Economic Science – 1932).
Returning in time, it is initially pointing out that from 1729 to 1746 the chair of Moral Philosophy at Edinburgh University was occupied by Francis Hutcheson (1660-1739). Known as the initiator of the Scottish Enlightenment, Hutcheson who coined the term “division of labor”, though Plato had already made reference to it, had among his pupils the great Adam Smith (1723-1790). With Smith, the economy as a science, won first body of theory. And with it, a nation’s economic growth was seen from the division of labor (which increases the efficiency of labor, i.e. their productivity) and capital accumulation, rejecting the thesis that mercantilist thought as a source of wealth only the possession of precious metals.
Altogether, the five “books-chapters” that form the Wealth of Nations, the seminal work of economic theory, published in 1776, can be understood as a vast compendium of theory, economic history, recommendations policies. It is with this work which is conventionally inaugurate the economy seen through the prism of social science. From the writings of Smith’s moral philosophy gave way to political economy. A key figure in this transition was Thomas Robert Malthus (1766-1834), a clergyman of the Church of England that meant that aid from the government to the poorest only cause greater dependence on these in relation to the government. This same period, has also gained the “principle of utilitarianism – the maximization of the sum of happiness of individuals. Jeremy Bentham (1748-1832), intellectual pulled ahead this line of thought was, no doubt, after Smith and next to David Ricardo (1772-1823), the main influence on the classical economists. Ricardo, the economy suffered the reformulation of the theory of labor value (the theory that prices of goods will be commensurate with the work required to produce them) taking into account the use of capital and technical depth was the concept of the advantages comparisons (one country may prefer to import certain products that could lower costs than those from abroad, in doing so, has the prospect of gaining a dominant position in other productions exportable).
Outside the UK which housed the economists mentioned above, we find two prominent figures in France who exercised great influence on economists in the late eighteenth and early nineteenth century. The first was a scholar named Jean-Baptiste Say (1767-1832) who prophesied that there is no shortage of demand at all, “supply creates its own demand” in the words of Say. The second was a professor of mathematics at Lyon, Antoine-Augustin Cournot (1801-1877). This teacher is considered the first economist to use a diagram to explain how supply and demand determine the price in a competitive market.
The nineteenth century also saw the emergence of a prominent figure Karl Marx (1818-1883). Born in Germany, Marx, whose name was received at the font Moses Mordechai Levi, studied law and philosophy and only later dedicated himself to the economy. Reader of English classics, especially Smith and Ricardo, Marx came to the economy initially criticizing the division of work proposed by Smith.
However, it was to read Richard Marx expired “Surplus Value” after taking up the theory of labor value. For Marx, the notion of “surplus value” is clear to see that there is a difference between the value created by labor force in the form of salable products and purchase that same work force for its exchange value, generating a surplus labor. Based on this idea, the exploitation of labor, Marx envisioned that the capitalist system, full of contradictions would give sooner or later, your place to socialism, since the conflict inherent in capitalist society would take this system to its imminent fall. Transformation through conflict is the “dialectical process” through which socialism would replace capitalism in the Marxist view.

Mathematics in economics: the contributions of Jevons, Menger and Walras
Heavy use of mathematical methods in economy is due to three theoretical perspectives: the first was a meteorologist and chemist named William Stanley Jevons (1835-1882) who in The Theory of Political Economy argued that economics was inherently dealing with mathematics because quantities. The second worked as a journalist, Marie-Esprit Leon Walras (1834-1910) and the third comes from the Viennese School, Sir Carl Menger (1840-1921).
The most prominent contribution of these theorists refers to the abandonment of the classical view of labor value for the value-utility, meaning that things are useful when they can meet any need, and thus allow your satisfaction. No one knew the other’s work, these three theorists have reached the same conclusion: the value of a good derives not from the total utility of the good, but of marginal utility, ie the utility of the last unit consumed. We still, Walras, in particular, the model of pure competition and perfect.

The Keynesian revolution and macroeconomics

After some long years of economic prosperity, the late 1920s, the twentieth century saw shake the structures of the capitalist system with the emergence of high unemployment and bankruptcies of companies. To respond to this situation until then unusual (the Great Depression), a member of the intellectual and cultural elite of London was presented to the economic scene. Born in Cambridge, England, in 1883, the same year the death of Marx, John Maynard Keynes studied philosophy and economics, as a teacher and had the neoclassical Alfred Marshall. Before becoming the chief economist of the twentieth century, Keynes worked as an executive at insurance companies in addition to speculate in currency markets, commodities and stock, and example of Richard, has amassed a considerable fortune with these speculations. Keynes became even staunch activist of the Liberal Party and married a ballerina Ruuds Diaghilev Ballet.
However, Keynes did something very prominent for economics: it redefined science, giving rise to macroeconomic theory. The General Theory of Employment, Interest and Money, magnum opus published in 1936, the employment issue was present and the backbone of Keynesian thinking began to be the principle of aggregate demand.
According to the theory of Keynes, employment depends on aggregate demand, whose components, in the private sector, are consumer spending and business investment, while the level of investment spending depends on the interest rate and the rate of expected return on new investments.
Keynes emphatically deny the classical approach and reversed Say’s Law, saying that it is the gift that generates, by adjusting the demand for the products developed, but the demand that generates output. Ruled otherwise even the quantity theory of money, as had been stated by Irving Fisher (1867-1947). Keynes strongly argued that the government would provide jobs to unemployed and looked closely at the demand, not supply, as did the classics. The policies he suggested founded a new relationship between state intervention and economic activity. In the years following the end of World War II in 1946, having assumed the chairmanship of the IMF (International Monetary Fund), when he was 62 years, died, leaving the life to come, so definitely, along with The General Theory, in the history of the great names and works of Economy, alongside Smith, The Wealth of Nations and Marx’s Capital with.

Final Thoughts
Arguably Economy (science and economic activity) reached a plateau on which, in developed countries, as we that are in development, billions of people around the world can be helped by good and appropriate economic policies, as well as might be harmed and had committed his future, if these policies are distorted. My conclusion in this respect is unique: the economy enables each person, regardless of the performance of the government, the chance to change their destiny and, through the known positive externalities – a term dear to economists – to interfere in a beneficial way in the future others.
When I say independent of the performance of the government, I want to accentuate the character of cooperation, mutual help, which marks the behavior of certain people. The way to go towards a fairer and less unequal, passes on our understanding, the practice of helping one another, as it happens before some disasters that gained national or international scale.
The model of ideal society must travel the road that leads to cooperation, capable of joining forces in exchange for the current centralized model of competition, which only divides and purge non-winners. This latest model has proved more than reasonable that it is absolutely segregated, individualistic, and does nothing in practice efforts of the common good and collective. Economic agents need to identify what is the best model of society and begin to implement the cooperation. The economics of this peculiarity has to identify the best output. The modern economist, increasingly, given the brutal difference between the rich and the miserable world, it is impossible to be indifferent to certain events, especially those that refer to death of millions of people who are daily victimized by hunger, disease, by poverty, misery and its nefarious consequences on account of economic insensitive to human suffering. While economists, often do not agree with each other, the economy needs to sharpen his social side, after all, economics is “classified” as humanities.
******
Works consulted and recommended for further theoretical
BACKHOUSE, Roger E. History of the World Economy. S.Paulo, Estação Liberdade, 2007.
BROCKWAY, George P. Economist Can Be Bad For Your Health. New York. W.W Norton and Company, 1995
DASGUPTA, Partha. Economy. São Paulo, Attica, 2008
DOBB, Maurice. Introduccion a la Economia. Ciudad de Mexico, Fondo de Cultura Economica, 1986
DROUIN, Jean-Claude. The Great Economists. São Paulo, Martins Fontes, 2008
FUSFELD, Daniel R. The Age of the Economist, São Paulo, Saraiva, 2001
HARFORD, Tim. The Economist Clandestino. Rio de Janeiro, Record, 2007
SILK, Leonard. The Economists, New York, Discus Book, 1978
VERCESI, Alberto J. Historia del Pensamiento Economico. Bahía Blanca, Argentina, Editorial de la Universidad Nacional del Sur, 1999

About the author:
Marcus Eduardo de Oliveira is an Brazilian economist and professor of Economics at FAC-FITO and UNIFIEO (São Paulo, Brazil). MSc in Latin American Integration (USP) and Specialist in International Politics (FESP), with a specialization course at the Universidad de La Habana – Cuba. Author of “Talking about Economy” and others books.
http://blogdoprofmarcuseduardo.blogspot.com
http://economiasocialehumana.blogspot.com
Contact: prof.marcuseduardo@bol.com.br

7/19/2010


FRASE DO DIA

O progresso da economia não está em aumentar a riqueza, mas sim em diminuir a pobreza –
“Marcus Eduardo de Oliveira”

LA VIDA ES EL VALOR CENTRAL



LA VIDA ES EL VALOR CENTRAL
: "elmercuriodigital.es 'LA VIDA ES EL VALOR CENTRAL', artigo do prof. Marcus Eduardo de Oliveira, publicado em Madri, Espanha, pelo El Mercurio Digital"

CONVERSANDO SOBRE ECONOMIA - Livro




CONVERSANDO SOBRE ECONOMIA, de Marcus Eduardo de Oliveira.
Nesse livro, publicado pela editora Alínea, Marcus Eduardo de Oliveira traça um panorama da economia brasileira na era FHC. Escrito numa linguagem acessível ao público não familiarizado com assuntos econômicos, a economia brasileira é percorrida em seus meandros, descortinando os "segredos" da macroeconomia.

7/16/2010

A VOZ E A VEZ DAS MULHERES



A voz e a vez das mulheres

Excerto do prof. Marcus Eduardo de Oliveira


Pela voz das mulheres, a primeira que reivindicou seus direitos foi Mary Wollstonecraft, a partir do lema “a mente não tem sexo”.
Juntem-se a ela outros nomes de importância ímpar na História: Hatshepsut, a primeira faraó de todos os tempos que levou prosperidade para o Antigo Egito. Como não mencionar Maria de Nazaré, Joana D’Arc, Marie-Olympe de Gouges e sua Déclaration des Droit de la Femme et de la Citoyenne.
Elizabeth Blacwell foi a primeira mulher a se formar em medicina. A também francesa Marie Curie foi quem pela primeira vez ganhou um prêmio Nobel (de Física, em 1903), além da austríaca Bertha Von Suttner, que foi laureada com o prêmio Nobel da Paz, em 1905. Valentina Tereshkova foi a primeira mulher cosmonauta a atingir o espaço.

EM NOME DE DEUS




Em nome de Deus

Excertos religiosos do prof. Marcus Eduardo de Oliveira


Sobre as “coisas de Deus”, temos em são Jerônimo o tradutor da Bíblia, do Hebraico para o Latim. Com o alemão Moses Hess aprendemos que “a verdadeira teologia é o amor à Humanidade”.
Com Carlos Grun, discípulo de Hess, aprendemos que “a essência do cristianismo é o amor”, matéria essa propagada há dois mil anos pelo Carpinteiro de Nazaré.
Com são Domingos de Gusmão fomos levados à Escolástica. Com santo Inácio de Loyola aprendemos a necessidade de unir a ciência e o Evangelho, na Companhia de Jesus (os jesuítas) e, com são Bento de Núrsia, temos a Ordem Beneditina cujo lema principal é “Busca tua paz e segue-a”.
Ainda na esfera da religião, herdamos da cidade de Tarso, o apóstolo Paulo (antes, Saulo), denominado por muitos como “o segundo filho de Deus”.
Da Alemanha veio Martinho Lutero – pai espiritual da reforma protestante. Vimos florescer os ideais de um João Huss (morto pelo Santo Ofício, pela Inquisição que teve no parvo espanhol Torquemada e no torpe florentino Savonarola seus executores mais ferrenhos para desespero de judeus, mouros e hereges).
Conhecemos um John Wicleef, teólogo inglês de grande valor. Da Itália vimos chegar à contribuição de Giordanno Bruno e sua teoria da cosmologia; da França, Allan Kardec (ou Denizard Rivail) nos ensina a acreditar em vida após a morte e em novo renascimento (palingênese – reencarnação).
Confúcio, (ou K’ong Fu-tse) da China, foi o filósofo da brandura e Sidarta Gautama – O Buda (ou Sakyamuni), fundador do Budismo, nos ensinou a pensar na busca interior. Nesse rol de “iluminados” ainda temos Calvino e Zwingli. Com Guilherme Miller, presenciamos o Adventismo.
O pensamento anabatista, por sua vez, se deve a Menno Simonsz; e o pensamento conhecido por Testemunhas de Jeová, ao americano Charles Taze Russell; assim como os Mórmons devem sua existência a Joseph Smith.
Na escala dos religiosos encontramos ainda outros nomes: Lao-Tse, Mêncio (Meng-tseu), Moisés (judaísmo, com a “Tora”), Mahavira (jainismo), Motti, Dalai-Lama, Ramakrishma (krishianismo, com a leitura de “Bhagavad-Gita”), Kapila, Patanjali e Maomé (ou Mohamed) que transformou as tribos árabes, politeístas e dispersas, numa só nação monoteísta, abstêmia e devota.
Sobre um novo paradigma holístico de reflexão, temos o zen-budismo, taoísmo, candomblé, xamanismo e outros. Contrapondo-se a essas experiências, temos os místicos-cristãos como Thomaz Merton, mestre Eckhart (a mística neo-platônica), são Francisco de Assis (“o amigos dos lobos e dos pássaros); santo Antonio de Pádua (“o amigos dos peixes”); Fidel de Sigmaringá (“o advogado dos pobres”); o russo são Serafim de Sarov (“o amigo dos ursos”) e santa Tereza de Ávila. Acrescenta-se a eles são João da Cruz, Frei Bartolomé de las Casas (“o protetor dos índios”), Madre Tereza de Calcutá (“a mãe dos mais pobres”), Theillard de Chardim, Crisóstomo e Tertuliano e tantos outros espíritos de ação e atitudes nobilíssimos.
Muitos foram os que nos alertaram para “outras coisas da vida”, além dessas ligadas ao “espiritual”. Assim, temos no camponês Hesíodo o primeiro aedo (poeta popular) a se queixar da opressão dos humildes, da injustiça crescente e da supremacia dos ricos.

DE VOLTA ÀS CIÊNCIAS

De volta às ciências

Mais excertos do prof. Marcus Eduardo de Oliveira


Voltando um pouco para as ciências sociais coube ao polonês Nicolau Copérnico provar matematicamente que a Terra gira em torno do Sol. No entanto, com o italiano Galileu Galilei, forçou-se (por imposição da Igreja Católica) a abjurar a teoria heliocêntrica do Universo, principiada por Ptolomeu, esse extraordinário astrônomo grego do século II. Com Demócrito vimos que a matéria é feita de pequeníssimas unidades invisíveis (átomos).
René Descartes, mais uma vez citado, iniciou a filosofia moderna (a idéia do racionalismo: “penso, logo existo”); coube a Isaac Newton introduzir o conceito de gravidade. Com o francês Bachelard aprendemos que “a verdade é filha da discussão”. Com esse mesmo pensador aprendemos que o homem tem “le droit de rêver" ou seja, “o direito de sonhar”, até mesmo porque a vida é “pensada” nos sonhos, porém, é edificada no amor e nos respeito ao próximo, assim como nos disse Mohandas (o “Mahatma”, grande alma) Gandhi (o “apóstolo da Paz”) e Albert Schweitzer (médico e teólogo nascido na Alsácia, então parte do Império Alemão, ganhador do prêmio Nobel da Paz, em 1952 é certamente um dos homens mais ilustres da História), não causar dano a ninguém, não mentir, respeitar a vida.
Na continuidade desse rol de grandes pensadores sociais, se assim podemos defini-los, com o italiano Pico della Mirandola, viemos a aprender sobre o Humanismo renascentista, aquele que defende a liberdade do homem, que o torna um ser capaz de criar seu próprio projeto de vida.
Com Blaise Pascal, (pela segunda vez citado) identificamos o misticismo: “o coração tem razões que a própria razão desconhece”; com o grego Horácio, aprendemos a “aproveitar o dia” (“Carpe diem”).
Sigmund Freud nos legou o postulado psicanalítico. Com Auguste Comte, o positivismo; com Lamarck e Darwin, o evolucionismo. O professor Albert Einstein nos ofereceu a Relatividade. Leibniz contribuiu com a harmonia pré-estabelecida do Universo e, com Kepler, “descobrimos” as “Três Leis do Movimento Planetário”.
Depois de certo tempo, a evolução foi tão intensa e profícua que passamos a medir até o frio e o calor. Com o holandês Gabriel Fahrenheit o ponto de ebulição foi marcado em 212 graus; com o sueco Anders Celsius, em 100 graus. Pelo brilhantismo de Samuel Morse conhecemos o telégrafo e com o italiano Marconi, a telegrafia sem fio.
Jacques Daguerre inventou o procedimento da fotografia e o industrial norte-americano Henry Ford construiu o primeiro automóvel. Tomás Alva Edson, depois de mil inventos, fez surgir à lâmpada incandescente e aperfeiçoou o telefone inventado por Graham Bell. Ao alemão Guttemberg coube desenvolver a moderna imprensa e ao brasileiro Alberto Santos Dummont, o primeiro avião, além do relógio de pulso. Já o francês Louis Braille, depois de ficar cego aos dois anos de idade, criou um sistema com apenas seis pontos em 63 diferentes combinações que hoje permite a leitura aos deficientes visuais.

A CONTRIBUIÇÃO DE ALGUNS GÊNIOS




A contribuição dos gênios

Excertos do prof. Marcus Eduardo de Oliveira


Assim temos, por exemplo, em Aristóteles, o filósofo da essência das coisas; em Platão, a base da política; em santo Tomás de Aquino, o equilíbrio da ordem universal; em Hobbes, a figura do Estado como catalisador da sociedade; em Blaise Pascal, a essência divina esmiuçada.
No carpinteiro Jesus de Nazaré que se fez O Cristo (o Mestre dos Mestres, formado pela escola da vida), temos a base do amor fraternal (“Ama o próximo como a ti mesmo” - MT, 22:39) além da valorização da vida (“Eu vim para que tenham vida...”); em Immanuell Kant, a razão pura; em F. Hegel, a idéia como força; em Karl Marx, as bases do materialismo histórico; em Jean P. Sartre, a base do existencialismo, com “o ser e o nada”; em Arthur Schopenhauer, a descrição da dor. Em Clausewitz, descobrimos o “filósofo da guerra”; em Baruch Spinoza, a saliência da dúvida; em santo Agostinho, o bispo de Hipona, o segredo da confissão.
E o que falar daqueles que foram os responsáveis pelos primeiros passos em certas áreas do conhecimento: Tales de Mileto é tido como o “primeiro” filósofo; Adam Smith, o “pai da Economia”; Pitágoras, da Matemática (embora não tenha sido o criador verdadeiro); Sócrates, o “pai da dialética”; Arquimedes, da Física; Hipócrates, da Medicina; Euclides, da Geometria. Montesquieu, lá da França, nos legou o Espírito das Leis, pregando a necessidade de dividir os poderes do Estado (Legislativo Executivo e Judiciário); Voltaire (François Marie Arouet) propugnou a tolerância (“Não concordo com você, mas estou disposto a morrer pelo seu direito de se manifestar”).
Já Jean-Jacques Rousseau, que usamos na epígrafe deste trabalho, homem das letras e pensador dos mais sensíveis, espécie de “avô e pai” dos revolucionários posteriores ao seu tempo, temos a investigação da origem das desigualdades sociais em sua brilhante obra Discours sur l’origine et les fondements de l’inégalité parmi les hommes. Rousseau foi acima de tudo um bravo defensor da IGUALDADE.

AMOR A SABEDORIA

Amor à sabedoria

Excerto do prof. Marcus Eduardo de Oliveira


De certa forma, nesse grande teatro que chamamos Vida, estamos atuando como atores principais, encenando, de certa forma, a busca da Filosofia; conceito esse que vem do grego (Filo + Sofia = amor à sabedoria) e que define, per si, o ideal maior de todos nós: a busca pelo aprendizado e, por conseqüência, do engrandecimento do espírito, mesmo que verifiquemos que a capacidade dos homens de fazer mal a seu semelhante cresça de forma exponencial, o destino de todos nós é sim o aprimoramento, em busca da melhora universal, em busca de uma existência mais ética e menos imoral, mais digna e menos corruptível, mais sábia e menos torpe, mais fraterna e menos insensível, mais amável e mais justa. Ainda que a desigualdade seja superior a igualdade e que a injustiça prevaleça frente ao bom senso.
Sendo essa a verdadeira filosofia que nos cabe buscar, isso nos leva, primeiramente, a “reaprender a ver o mundo”, como nos ensina o francês Maurice Merleau-Ponty, um dos grandes expoentes da fenomenologia, defensor assíduo da teoria da percepção como fonte de conhecimento. Afinal, há algumas verdades incontestáveis. Dentre essas citemos, por exemplo, a título de melhor ilustração dessa busca por uma vida melhor a de que só a sabedoria liberta. “Ser culto é o único modo de ser livre”, nos diz o poeta cubano José Martí; além disso, vale aduzir que a sabedoria torna as pessoas mais atraentes, ainda que o tempo (esse “inimigo” cruel de alguns) sulque a pele e imprima as marcas da velhice. Outra verdade inconteste vem do amor, afinal, só o amor constrói. “Omnia vincit amor”, ou seja, “o amor vence tudo”, nos ensinam os gregos desde priscas eras.
Ainda no âmbito do termo “conhecimento” cumpre ressaltar que esse, por sua vez, nunca pode esperar, pois, simplesmente, não há tempo a perder, não se pode deixar para o amanhã, afinal “Amanhã será sempre tarde”, nos lembra o título de uma bela obra do poeta Saint-John Perse; eis porque o “tempo”, para alguns, soa como adversário.
Nesse pormenor, Quintus Horácio, o primeiro literato de Roma, influenciado por Epicuro de Samos (um dos maiores filósofos do período helenístico) afirmava “quam minimum crédula postero”, ou seja, “acredite o mínimo possível no amanhã”. Em particular, apenas para reforçar essa tese de que o tempo é algo muito valioso e não convém esperar o amanhã, é sempre bom lembrarmo-nos do seguinte provérbio chinês: “Todas as flores do futuro estão nas sementes de hoje”.
Assim sendo, é desse conhecimento então que todos, de certa forma, precisamos, pois o mesmo é algo essencial para a vida, assim como o pólen na atmosfera é também essencial às cerejeiras e aos lótus; ainda que essa vida (a maior dádiva que Deus pode nos ofertar) seja uma fagulha no tempo que rapidamente cintila e logo se apaga, para uma vez mais discorrermos sobre a necessidade de agir de forma rápida.
Pelo lado desse “conhecimento”, a parte teórico-didática de como aplicá-lo da melhor forma coube a nomes que se debruçaram na pedagogia, dentre eles o russo Lev Vigotsky, o suíço Jean Piaget, a italiana Maria Montessori (que também foi à primeira médica a se formar na Itália), o inglês Dewey e o brasileiro Paulo Freire.
Se for verdadeira a afirmação de que é por meio do pensamento que as ações acontecem, que o conhecimento propriamente dito se avizinha e de que somos o resultado do que pensamos, o conhecimento precisa então ser alçado a condição de parceiro inseparável em nossa vida.
O que pensamos determina o que sentimos; “o que sentimos”, nos explica o psiquiatra Augusto Cury, “registramos em nossa memória e, ao registrarmos na memória, determinamos os alicerces de nossa personalidade”. Então, o que pensamos hoje poderá ser o que seremos amanhã. Assim então fazemos o destino dia após dia. Assim construimos esse fadário que nos acompanha hora a hora, minuto a minuto; assim determinamos o que vai acontecer, ainda que “caminhemos por veredas perdidas” para lembrarmos aqui das palavras do filósofo alemão Martin Heidegger.
Ao longo da História do mundo que já passa da casa dos bilhões de anos, muitos foram os “espíritos nobres e iluminados” que tiveram como missão ímpar na Humanidade desbravar fronteiras inatingíveis, conquistar o desconhecido, descobrir os limites do impensável e plantar as sementes do conhecimento, ainda que estas últimas tardem a florir, mas que nunca deixem pois de germinar para o bem de todos nós. Não há dúvidas de que esses seres iluminados, a partir de suas ações (pensamentos) podem muito bem serem chamados de reformadores sociais.
A partir de agora então, na ternura e no estro de alguns desses nobres pensadores-descobridores-desbravadores-reformadores, desses homens que sonharam construir algo novo, desses que cravaram definitivamente seus nomes no panteão da História, desses que com seus “pensares” e suas “atitudes” desbravaram rios infrenes e atravessaram desertos imensos, fizeram acontecer. (Continua...)

7/15/2010

MANIFESTO AOS ECONOMISTAS


O texto abaixo "Manifesto aos Economista" serve como reflexão para pensarmos um pouco mais a profissão dos economistas e, em especial, sobre os desafios ínmpares que esperam esse profissional no mercado de trabalho, principalmente em sociedades com níveis gritantes de desigualdade social.
O texto acabou sendo publicado pelo CORECON, dos estados de Minas Gerais e Paraíba, bem como pelo jornal "Expresso das Ilhas", em Cabo Verde.

MANIFESTO AOS ECONOMISTAS:
EM BUSCA DA LIBERDADE, DA IGUALDADE E DA EFICIÊNCIA

Por Marcus Eduardo de Oliveira (*)
Economista e professor

Ninguém pode ignorar a economia por dois únicos e singelos motivos: o primeiro é que não há recursos suficientes para todos, visto que os desejos são ilimitados. É tarefa da Economia lidar com essa situação conflituosa que envolve escolhas. Essa escassez de recursos, entendida como falha de mercado, é uma verdade inconteste no trato com as necessidades ilimitadas dos consumidores. O segundo motivo é que todos, direta e indiretamente, ao participarmos com nossos desejos de consumo, estamos fazendo parte da economia. Isso somado ao fato que os mais diversos assuntos que envolve a economia também nos envolve a cada momento. Diante disso, por essa simples e incontestável verificação, a Economia (enquanto ciência), se coloca com importância ímpar na relação consumidor x desejo de consumo x recursos limitados. Isso tudo acontecendo num espaço chamado mercado, do qual permite o encontro da oferta com a demanda.
É justamente por essa linha de análise que a Ciência Econômica se destaca e ganha, cada vez mais, maior penetração na vida de todos.
No entanto, é necessário enaltecer uma questão. O que de fato objetiva essa ciência? James E. Meade (1907-95), laureado com o prêmio Nobel em 1977, certa vez destacou que os três principais objetivos da economia são: 1) A LIBERDADE – garantir a livre escolha por parte de cada cidadão; 2) A IGUALDADE – evitar a brutal diferença entre a riqueza e a pobreza; e, 3) A EFICIÊNCIA – praticar o melhor uso dos recursos disponíveis de modo a garantir um melhor padrão de vida.
Percebe-se, nas palavras de Meade, a penetração (abrangência) da Economia em nossos afazares diários, uma vez que estamos submetidos, em tempo integral, ao processo de escolhas, sempre em busca de melhor eficiência; afinal, todos almejam uma vida melhor, de preferência com liberdade para atuar onde bem desejar.
Pois bem. Feitas essas incursões, esse Manifesto aos Economistas pretende, tão somente, levantar questão em torno do real papel do economista na sociedade moderna e de como esse profissional, a partir de análises específicas, pode atuar no sentido de fazer da economia um instrumento capaz de construir uma sociedade mais justa e equânime. Procuremos então responder o que segue: O que cabe ao profissional da Economia nos dias de hoje? O que está reservado a esse profissional acostumado no trato teórico dos problemas econômico-sociais? Qual sua finalidade diante de uma sociedade recheada de conflitos sociais? Que tipo de visão deverá ter esse economista mediante o processo social que encontrará pela frente?

1. VISÃO AMPLA DO PROCESSO SOCIAL
Primeiramente, o economista de hoje, de forma obrigatória, necessitará ter uma visão ampla do processo social. Precisará, portanto, combinar compreensão teórica com explicação técnico-didática, para se colocar de forma apta a exercer sua profissão. Deverá, todavia, explicar os fatos econômicos dos tempos atuais com o rigor de excelência que se espera daqueles que tratam a profissão com esmero.
Segundo creio, somente se conseguirá isso mediante uma visão panorâmica do ambiente econômico, devendo, nesse pormenor, se abrir ao processo de criação, uma vez que a sociedade (assim como a própria Economia) é algo que os homens não param de refazer. Logo, cabe discernir que a Economia é uma ciência dinâmica, não estática; portanto, passível de mudanças e ajustes a todo o momento.
Esse economista moderno constatará que, infelizmente, nos dias de hoje, a economia tradicional continua ignorando o indivíduo e se preocupando, exclusivamente, com a acumulação de capital. Para o economista dotado de visão social, essa deverá ser uma de suas primeiras preocupações, no sentido de abolir, definitivamente, essa prática costumeira de ignorar o cidadão-cidadã participante do processo econômico. O economista moderno, conhecedor teórico dos problemas sociais, precisará ter em mente, no entanto, que um mundo melhor para todos somente será possível quando as gritantes disparidades, tanto sociais quanto econômicas, entre o mundo dos ricos e o mundo dos pobres, for diminuída substancialmente. Para isso, deve (e deverá) o economista moderno pensar, antes, no social, e fazer com que isso esteja sempre acima do econômico. É necessário, nesse sentido, combinar reflexão com ação. Basicamente, nesse intuito, é preciso fazer aquilo que o frei brasileiro Leonardo Boff diz com bastante propriedade: “idéias podemos até tê-las, mas o que realmente move o mundo são nossas ações”.
Um primeio passo nessa direção, portanto, é fazer com que o economista moderno e outros cientistas sociais, se sintonizem no fato de que nem tudo se resume em commodities. Logo, nem tudo deve ser condicionado a mera questão de mercado. Por consequência, nem tudo deve se resumir na pré-condição de mercadoria pronta a ser vendida. Essa visão tipicamente mercantilista, reforçada pelos mecanismos capitalistas de mercado, e por políticas que tem feito destruír a proteção social, leva ao fato de que tudo está (e estará) a venda; é assim como preconizam os defensores do capitalismo que querem tudo vender e, para tanto, em tudo colocam seus preços. Ao fazer isso, a economia tradicional dirige sim a visão para o indíviduo. No entanto, apenas o enxerga como mero consumidor. O modelo de economia que queremos aqui manifestar deverá mudar essa visão, até mesmo porque o indíviduo não pode (e não deve) ser visto apenas como mero consumidor pronto a ser explorado. A economia que queremos ver ressaltada deve servir o indivíduo, e não ser servida por ele. A Economia é para o homem e pelo homem; não para o mercado e pela mercadoria.

2. TROCAR A COMPETIÇÃO PELA COOPERAÇÃO
O tipo de sociedade que o economista preocupado em ajudar a construir um mundo melhor deve pensar tem que necessariamente passar pela cooperação, em lugar da competição. Esta última, até mesmo por ser quase sempre praticada de maneira desigual, privilegiando apenas os mais abastados, apresenta evidências, a todo instante, de que serve apenas para dividir e segregar. Desse jeito, dividindo e separando os seres pela condição financeira ou posição social que ocupam, jamais se chegará a condição sonhada de termos um amanhã melhor para todos.
Somente somando forças (cooperando), e não divindo (competindo de maneira desleal), se poderá alcançar uma sociedade mais justa e menos desigual. É sabido que a força coletiva faz o progresso acontecer. Com o progresso, a chance dos que nada tem passa a ser considerável. A cooperação, nesse sentido, pode ser a luz que falta àqueles que hoje vivem completamente à margem dos benefícios que uma sociedade equilibrada e justa é capaz de oferecer.
É nesse sentido que o economista moderno deve pensar. As causas e consequências da pobreza em que vive metade da população mundial deve ser ensinada pelas ciências econômicas como sendo a mais abjeta situação, comparável a ignomínia da escravidão que marcou esse país por séculos. Pensar na construção de um mundo social mais justo, deve ser a primeira lição ensinada no primeiro dia de aula no primeiro ano do curso de graduação em Ciências Econômicas.
A pobreza, a fome, a miséria e todo e qualquer outro tipo de exclusão social devem ser os temas de maior interesse do economista moderno; principalmente em sociedades com elevados índices de desigualdades. É simplesmente inadmissível aceitar que no mundo atual haja, por exemplo, gente passando fome em qualquer parte do planeta, quando se sabe que os alimentos sobram aqui e acolá e que a fome, por consequência, não é resultante da escassez de alimentos, mas sim da péssima distribuição e de interesses diversos que insistem em penalizar os mais necessitados em troca de ganhos mais elavados no mercado financeiro.
Propor alternativas para erradicar esses males sociais deve ser a tarefa a ser empreendida com afinco pelos profissionais da Economia que chegam a todo momento ao mercado de trabalho. Esse deve ser o Manifesto a ser levantado por todos os economistas que vestem a camisa a favor da luta por um mundo melhor e mais solidário. Afinal, a Economia nasceu para isso; para dar uma resposta positiva aos problemas sociais que tanto aflinge o homem moderno. O economista dos dias de hoje precisa resgatar o real entendimento e a prática dessa ciência que um dia, por infelicidade, foi chamada de lúgubre (dismal science).

3. CRESCIMENTO ECONÔMICO, EQUILÍBRIO ECOLÓGICO E PROGRESSO SOCIAL
Em meu entendimento, a economia só faz sentido de ser e torna-se útil se, e somente se, agrupar em sua intenção crescimento econômico (equilibrado), equilíbrio ecológico (meio ambiente sustentável) e progresso social (justiça e equidade). Fora disso, a Economia encontra-se totalmente desconectada da realidade.
Definitivamente, o padrão de crescimento das sociedades modernas precisa ser modificado. Essa modificação passa, inexoravelmente, pela ação do economista em prol da melhoria da vida dos que tanto necessitam. O padrão de crescimento econômico das sociedades modernas não pode ser praticado, como temos presenciado, sob uma plataforma socialmente perversa, que desrespeita o indivíduo, não privilegia as condições dignas de trabalho, faz uso inadequado dos recursos naturais, polui o ar que respiramos e que se centra, apenas, sob a ótica mercantil.
Se realmente desejamos uma sociedade melhor, outro mundo precisa, urgentemente, ser “edificado” sob novos olhares. Especificamente sob o olhar de que a mudança é plausível e está ao nosso alcance. Não esqueçamos, nesse sentido, que reflexão coletiva é espécie de irmã siamesa da ação participativa. Assim, mostrando primeiramente as feridas, poderemos chegar mediante ações, à cicatrização.
É necessário antes conhecer (pensar) para compreender e, é compreendendo que empreenderemos ações. O pensamento precede a ação, assim como o desejo (o querer) incita o fazer, o agir. Agindo, “forçaremos” a mudança e, mudando, certamente, progrediremos. A Ciência Econômica pode, perfeitamente, contribuir nesse sentido.
Logo, para mudar, devemos agir. É dentro dessa abordagem que a economia solidária – uma nova maneira de “ver, pensar, sentir e fazer” economia vem ganhando destaque.

4. A RELAÇÃO ECONOMIA X MEIO-AMBIENTE
Conquanto, essa nova economia somente será solidária e ocupará espaço positivo à medida que um maior número de adeptos engrossarem as fileiras desse novo modelo econômico. De um modelo que pretende respeitar os padrões de produção, sem agredir os recursos naturais, respeitando, também, e principalmente, às gerações futuras.
Em suma, necessitamos de um modelo que respeita a relação economia x meio-ambiente, identificando que há limites ao crescimento econômico. O economista moderno precisa entender que poluição nunca foi sinônimo de crescimento. Acima de tudo, cabe a esse profissional responder o que pode ser feito para se criar uma economia humana com capacidade de prover suficientemente para todos.
Outrossim, o economista moderno de quem estamos falando precisa ter em mente que o crescimento físico em um planeta finito deve, no devido tempo, ter fim, para o bem de todos. Aqui, somado a essa preocupação com a questão ambiental, reiteramos a necessidade de buscar por outro modelo econômico que respeita e prioriza, por exemplo, o trabalho não remunerado da mulher “dona do lar”, vendo nisso também uma atividade econômica produtiva e, antes, buscar um modelo de economia que afirma positivamente o trabalho das organizações não governamentais.

5. O MODELO DE ECONOMIA SOCIAL-SOLIDÁRIA
Qual poderia então ser esse modelo? A solidariedade, entendida em suas linhas mestras pelo caráter cooperativo pode ser esse modelo que almejamos. O Modelo de Economia Social-Solidária, que queremos ver ganhar maior dimensão respeita a geração presente, priorizando, valorizando e enaltecendo o ser humano, em lugar de focar, exclusivamente, na acumulação de capital – típica da selvageria capitalista. Por sinal, essa “selvageria capitalista”, ao longo dos últimos 200 anos, deu mostras mais que suficientes de que não foram (e não são) as relações igualitárias que prevalecem, mas sim a busca incansável pelo lucro, mesmo que, para isso, a vida de milhões de pessoas seja sacrificada.
Um novo sistema econômico, solidário e participativo, mais ético e menos mercantil, precisa, portanto, emergir para diminuir a abissal diferença entre o modo de viver dos mais ricos em relação aos mais pobres, até mesmo porque essa diferença já extrapolou todo e qualquer limite imaginável. Afinal, estamos num mundo em que vinte por cento da Humanidade não hesita em gastar três dólares por dia num simples cappuccino; enquanto, do outro lado, quase 40% da população mundial “tenta” viver com menos de dois dólares por dia. Habitamos um mundo em que para manter uma vaca em pé na Europa central são gastos quatro dólares por animal a cada dia. No entanto, por não receber nem dois dólares (menos da metade, portanto, que uma vaca “recebe” em forma de subsídio) por dia, 3 milhões de pessoas morrem por causa de malária todos os anos na África subsaariana.
Talvez seja por isso que a cada semana, a pobreza e suas nefandas “conseqüências” matam no continente africano o mesmo número de pessoas que foram dizimadas pelo tsunami que atingiu o sudeste asiático anos atrás.
Independente disso, a título de triste comparação, a maior economia do mundo (EUA) gastou, apenas em 2007, US$ 547 bilhões em material bélico para manter suas tropas ocupando mais de 700 bases militares em mais de 110 países. Segundo o Instituto Internacional de Estudos para a Paz de Estocolmo, foi gasto pelos países mais ricos, somente em 2007, a importância de US$ 1,339 trilhão em armamentos (incluindo todos os tipos de armas). Os EUA, uma vez mais, lideraram esses gastos. Isso representou 2,5% do PIB mundial.
Não é à toa então que para cada US$ 1 que a Organização das Nações Unidas (ONU) gasta em campanhas publicitárias para buscar a paz mundial, três dos países mais ricos (EUA, França e Inglaterra) gastam, cada um, outros US$ 20 para promoverem guerras e destruições. Até quando esse modelo econômico perverso continuará dando as cartas? Contra essa insanidade política e econômica é que os economistas devem empreender forças e levantar um Manifesto capaz de resgatar a Liberdade, a Igualdade e a Eficiência, assim como James Meade nos explicou serem os objetivos principais dessa ciência.

(*) Economista brasileiro.Autor dos livros “Conversando sobre Economia” e
“Provocações Econômicas”.Contato: prof.marcuseduardo@bol.com.br.
Professor de economia da FAC-FITO,do UNIFIEO e da Faculdade de Vinhedo.

CABO VERDE E UNIÃO EUROPÉIA


E.T. Atendendo um pedido especial da Embaixada do Brasil em Cabo Verde, escrevi esse artigo analisando a "parceria especial" entre Cabo Verde e U.E. O presente artigo foi amplamente publicado na imprensa de Cabo Verde, com destaque para os jornais; "A Semana", "Expresso das Ilhas" e "O Liberal".


CABO VERDE – UNIÃO EUROPÉIA:
BREVES COMENTÁRIOS SOBRE A PARCERIA ESPECIAL

Marcus Eduardo de Oliveira (*)

Reforçar os mecanismos que apontam para a diminuição da pobreza sem perder de vista que o objetivo final é assegurar o desenvolvimento pleno, estendido a todos os cabo-verdianos. No bojo da Parceria Especial estabelecida entre Cabo Verde e a União Européia, esse sentimento se enquadra como uma oportunidade ímpar e se torna plausível, fazendo jus ao lema da União Européia: “Unidos na Diversidade”.
Essa é, sem dúvida, nos dias de hoje, a grande vantagem para Cabo Verde desde que os primeiros sinais de uma aproximação com a União Européia começaram a ser aventados. Há espaço para que a economia cabo-verdiana faça avançar programas de desenvolvimento sócio-econômico? É evidente que sim. Os números respondem a tal indagação: nos últimos 30 ou 35 anos, Cabo Verde conseguiu multiplicar o rendimento per capita por 10. O investimento privado (nacional e externo), especialmente no turismo – forte gerador de empregos e renda em qualquer parte do mundo – tem sido, grosso modo, o responsável pelo desenvolvimento que fez a economia crescer a taxas superiores a 7%. No entanto, ainda é necessário superar obstáculos que impedem, sobremaneira, uma economia como a de Cabo Verde de avançar em outras direções. Um desses obstáculos consiste em aumentar o ainda pequeno e fragmentado mercado doméstico; outros obstáculos que ganham relevância dentro de uma análise mais rigorosa apontam para a premente necessidade da criação de infra-estrutura adequada, fazendo diminuir os custos dos fatores. É para isso que a Parceria Especial precisa ser posta em prática; além, é claro, de fortalecer os pontos já exaustivamente discutidos dessa parceria, tais como, boa governança, luta contra a pobreza, busca pelo desenvolvimento, transformação da sociedade e promoção da segurança e da estabilidade em todos os seus matizes.
Parceria, em nosso entendimento, envolve um sentimento maior que inclui abrir-se ao mundo com o intuito de consolidar-se um dinâmico sistema de produção embasada na relação capital humano e no uso do fator tecnológico. Nesse sentido, se o desejo maior de Cabo Verde e de seu povo, em especial, é por construir uma nova etapa nos marcos institucionais, visando atingir, em breve, um futuro melhor, não resta dúvidas que isso passa pela necessidade de transformação. Junto a essa transformação vem, por conseguinte, a inovação. E porque não incluir nessa etapa de inovação novos Parceiros Especiais que estejam imbuídos em ajudar uma nação como Cabo Verde a obter esse desejo? Nesse pormenor, talvez não haja ninguém melhor que a União Européia para ser esse parceiro.
Dentro da política internacional estabelecida desde o surgimento das Nações Unidas, dos organismos multilaterais e de agências de fomento, o sucesso de “parcerias” anteriores entre sociedades diferentes somente confirma que Cabo Verde, ao estabelecer laços com a Europa, está no caminho certo.
Essa Parceria Especial deve, contudo, ser vista como um verdadeiro instrumento de apoio às aspirações cabo-verdianas para se atingir um futuro mais promissor para toda sua gente. Nesse sentido, é perfeitamente possível – e desejável – sintonizar os sistemas econômicos de ambas as sociedades. Entendemos, todavia, para que esse sucesso ocorra, ser de fundamental importância que se criem condições para uma maior abertura econômica capaz de envolver o fácil trânsito de capitais entre Cabo Verde e a Zona do Euro. Conquanto, cabe às autoridades cabo-verdianas promover algo mais, e aqui julgamos estar faltando isso nos debates em torno dessa parceria: é necessário mudar o eixo da economia para que essa não mais seja estabelecida apenas sob os auspícios da troca de mercadorias, mas sim que haja constantes trocas de conhecimento, estabelecendo, dessa forma, um novo jeito de “fazer economia”. Esse novo jeito é a “economia do conhecimento” que poderá perfeitamente ditar as bases desse futuro promissor tão esperado em Cabo Verde desde o processo que culminou com a Independência em 1975.
Essa “nova economia”, é mister afirmar, tem sido “desenhada” desde suas linhas mestras vindas das contribuições teóricas da escola neoclássica que engloba a valorização da ação humana e, antes disso, o desenvolvimento do capital humano, apontando, unicamente, para a questão do “saber, fazer” (no sentido de competência e procedimento técnico); ou seja, enaltecendo, pois, o chamado fator “conhecimento”.
Tal pressuposto, na essência, é reprodutível a custo-zero e em quantidades ilimitadas. Uma coisa é ofertar mercadorias; outra, bem diferente, é ofertar conhecimentos. Ao se ofertar apenas “mercadorias” quem o faz fica sem esse bem material, ao passo que, quando se oferta conhecimento ninguém perde, ambos (ofertantes e demandantes) ganham, pois ninguém fica sem nada; ao contrário: o conhecimento passa a ser reprodutível, todos que passam a ter “conhecimento” somente tende a ir acumulando “ganhos”. Esse “saber”, base dessa nova economia fincada nos pilares do “conhecimento”, é transmitida indefinidamente, não sendo, pois, uma exclusividade privada.
Sem dúvida, tal fato tem sido um poderoso ingrediente dessa situação que, no Brasil, estamos chamando de economia imaterial, cujos bons e ilustrativos exemplos são a indústria cultural, a publicidade (em todas suas dimensões incluindo design e inovação mercadológica), o marketing e a informática. Fica a pergunta: por que não inserir Cabo Verde, a partir dessa parceria com a União Européia, nessa nova e dinâmica linha de conduta econômica?
A esse critério é forçoso ressaltar que, de certa forma, por não ser passível de mensuração, essa “nova economia” põe por terra os conceitos fundamentais da antiga economia política, quais sejam: o trabalho, o valor e o capital, todos mensuráveis.
Na prática, é importante frisar tal argumento, o que estamos discutindo aqui é a troca de um modelo econômico fortemente centrado em valores quantitativos, por uma nova maneira de ver a atividade econômica pelas lentes do fator qualitativo. Definitivamente entendemos que crescimento econômico é sinônimo de quantidade, ao passo que desenvolvimento, o que realmente importa, é sinônimo de qualidade. E desenvolvimento é o caminho a ser percorrido por Cabo Verde.
Ainda sobre essas novas mudanças na economia, Alvin Toffler, um dos mais respeitados pensadores modernos, afirma que está acontecendo uma verdadeira revolução - a mais profunda desde a Revolução Industrial, em termos de pensamento econômico. Cada vez mais, diz Toffler “a riqueza está baseada no conhecimento, não nos fatores clássicos de terra, trabalho ou capital” (fatores de produção) como sempre quis a tradicional Teoria Econômica.
De nossa parte, cabe observar que, indiscutivelmente, nos dias que correm, o “saber” pode ser considerado como a principal (e não a única) força produtiva.
Todavia, para que esse procedimento seja adotado em larga escala em Cabo Verde, usando os padrões europeus que podem ser conquistados a partir da “parceria”, faz-se necessário, entretanto, que a universidade tenha uma maior participação nas políticas públicas; afinal, a Parceria Especial envolve reforçar o diálogo político e a convergência econômica entre as partes, e por que não incluir nesse rol a comunidade acadêmica?
Cabo Verde, a partir da Universidade de Cabo Verde, Universidade Jean Piaget, do Grupo Lusófono de Humanidades, e outros centros de excelência em conhecimento e difusão da informação, podem ser as peças indispensáveis nesse processo.
Para finalizar, é importante reiterar que o arquipélago de Cabo Verde tem todas as condições para fazer avançar essa “nova economia”, até mesmo porque é um país que não mais pertence ao grupo dos “estados menos desenvolvidos”.


(*) Economista brasileiro. É especialista em Política Internacional.
Contato: prof.marcuseduardo@bol.com.br

AFINAL, QUAL É A PRIORIDADE DA ECONOMIA?




AFINAL, QUAL É A PRIORIDADE DA ECONOMIA?

Marcus Eduardo de Oliveira (*)



Coube inicialmente aos clássicos ingleses, a partir do final do século XVIII, fazer do estudo da economia uma disciplina e dar a essa uma essência de ciência. O fundamento principal das primeiras preocupações desses estudiosos foi um só: determinar as causas do “progresso das nações”, para tomarmos a expressão usada pelo maior líder dessa corrente de pensamento, o escocês Adam Smith.
No decorrer do tempo, as preocupações subjacentes, bem como os legados teóricos deixados por outros nomes de relevância dessa “escola de pensamento”, dentre eles, Ricardo, Malthus, Benthan, Stuart Mill e mesmo Karl Marx, foram diversificando-se para ganhar corpo sistemático, contribuindo, assim, para fazer da economia uma disciplina “preocupada” com a realidade sócio-econômico dos povos.
Nessa linha de raciocínio, muitas foram às abordagens que passaram a ocupar certa proeminência, entre essas cabe citar: a preocupação com excesso populacional, a renda da terra, o valor do trabalho, os rendimentos decrescentes, os princípios das vantagens absoluta e comparativa, e a possibilidade de se ajudar ou não os mais pobres, contribuíram, sobremaneira, para que as ciências econômicas se tornassem uma disciplina de ordem tipicamente humana. Nada, portanto, tendo em comum – até o aparecimento da Revolução Marginalista – com as questões que envolviam análises voltadas à matemática e a valores dos bens em torno do fator subjetivo da utilidade.
Foi, pois, a partir da chegada independente (um não conhecia o trabalho do outro) dos marginalistas – Walras, Menger e Jevons – que os aspectos quantitativos passaram a apresentar certa proeminência em termos de análises econômicas.
No entanto, não nos prenderemos aqui a discorrer especificamente sobre a evolução que houve em torno do pensamento econômico - dos marginalistas à economia neoclássica - por julgarmos que há a esse respeito vasta literatura. Todavia, desejamos apenas pontuar uma questão que nos parece ser muito relevante: afinal, qual é a prioridade da economia? É olhar as múltiplas questões pelas lentes “quantitativas” expressas em números, cifras, indicadores e valores diversos ou pela ótica “qualitativa” que engloba mensurar o grau de satisfação das pessoas, chegando aos ditames que cerca a idéia do bem-estar social?
Lançar-se na “aventura” de tentar responder essa indagação crucial é certamente abraçar fatos históricos que marcam o pensamento econômico. Ademais, tal procedimento leva à possibilidade concreta de ferir determinados postulados que ainda hoje resiste às duras penas. Um desses postulados, por exemplo, atesta que a finalidade ímpar da economia é criar condições para que as nações avancem; ou se preferirmos adotar o linguajar técnico-mecanicista, a palavra mais correta a ser empregada nesse caso seria “crescimento”. Aqui a idéia que fica é fazer a economia crescer, custe o que custar.
Pois bem. Dessa contextualização, muitas foram às idéias lançadas para se “descobrir” então os mais fáceis e transitáveis caminhos que levam ao dito e propagado “crescimento”. Nesse pormenor, o convencionalismo econômico, desde os clássicos ingleses, fortemente enraizado em momentos posteriores na economia neoclássica tradicional, recomenda que basta acumular capitais, propor uma adequada divisão do trabalho e especializar a mão-de-obra que a geração de riqueza se aproxima.
Outros, no entanto, além de recomendarem a acumulação de capitais (largamente entendido como sendo um dos fatores determinantes do crescimento), vão se sintonizar nos aspectos que envolvem obter produtividade, além de fazer uso dos fatores tecnológicos para que assim, o progresso, de fato, aconteça. Resumindo esse ponto: o objetivo (a finalidade, pois) da economia, ao menos para os teóricos que se apóiam nos postulados neoclássicos continua sendo atingir elevadas taxas de crescimento; independente de quais caminhos se escolha para isso. Esses sofrem de uma patologia crônica: “a síndrome do crescimento”.
Conquanto, em extremo oposto, há aqueles que olham a economia pelas lentes do espectro puramente social e, por isso, não se esquecem das origens dessa ciência tipicamente humana, que esteve voltada, em momentos iniciais, na preocupação em medir e captar a realidade social. Esses certamente conseguem dar outra resposta à pergunta acima lançada.
É forçoso então reafirmar que para esses a real e significativa finalidade das ciências econômicas, no trato específico para com as pessoas, reside em atender as necessidades básicas dos pobres de todo o mundo. Essa seria, pois, a finalidade ímpar de uma ciência social: promover a ascensão das pessoas desfavorecidas, superando toda e qualquer injustiça que permeia o dia a dia daqueles que estão numa posição inferior na escala de acessos aos bens e serviços “oferecidos” pela atividade econômica.
A ciência econômica dispõe de “argumentos” plausíveis para fazer essa espécie de “revolução social” em prol daqueles que sofrem as constantes injustiças. É sabido que toda revolução social empreendida pelos que estão na parte de baixo carrega em si um caráter de universalidade, até mesmo porque constitui um protesto legítimo do homem contra a qualidade de vida que para muitos chega a ser inumana. Assim como nenhum deserto é tão árido e tão longo que não possa ser transposto, a economia é uma ciência que não pode ficar restrita aos laboratórios acadêmicos, trancafiada em gabinetes públicos. Essa ciência – feita pelos homens e para os homens - precisa ser posta ao serviço das pessoas, auxiliando-as na tomada de decisão em prol do benefício mútuo.


(*) Economista brasileiro, é especialista em Política Internacional.
Autor dos livros “Conversando sobre Economia”, “Pensando como um Economista” e “Provocações Econômicas” (no prelo).
Os artigos desse autor em torno de questões econômicas têm sido amplamente publicados no Brasil e no exterior, com destaque em Portugal, Cabo Verde e Angola, além de Rússia (jornal PRAVDA), Espanha (FAECTA), México (Revista Mensual de Economía y Sociedad) e Equador (ALAI - Agência Latino-americana de Informações).
Contato: prof.marcuseduardo@bol.com.br